A evolução tecnológica nunca foi tão rápida, e uma das inovações mais promissoras nos últimos anos é a adoção crescente de dispositivos independentes pelas empresas. Estes dispositivos, que são capazes de tomar decisões a partir da coleta e análise de dados, estão se tornando cada vez mais comuns e estão moldando a forma como as empresas operam. A tendência de “coisas independentes” foi destacada pela consultoria Gartner, que foi incluída em sua lista de 10 principais tendências que transformarão indústrias até 2023.
O Que São Coisas Autônomas?
A tecnologia das coisas autônomas utiliza inteligência artificial (IA) para equipar dispositivos com capacidade de aprender, processar informações e tomar decisões independentemente dos humanos. Essencialmente, esses dispositivos coletam dados de seu ambiente, analisam essas informações em tempo real e executam tarefas de maneira eficiente e autônoma. Isso pode envolver desde a automação de processos simples até a execução de tarefas complexas, como a navegação de veículos ou a gestão de operações industriais.
David Cearley, vice-presidente da Gartner, explica que a inovação se expande à medida que a IA e o aprendizado de máquina são incorporados a sistemas de hardware e software. Esses dispositivos não respondem apenas aos comandos, mas também desenvolvem uma compreensão do ambiente ao seu redor e tomam decisões com base em dados e padrões identificados.
Exemplos de Aplicações no Mundo Real
A aplicação de tecnologias autônomas já é uma realidade em diversos setores da economia. Empresas como a Embratel, por exemplo, têm investido em soluções inteligentes para o agronegócio. Um dos destaques é um sistema que alerta os fazendeiros sobre a possibilidade de infestação de declaração antes que isso aconteça. Além disso, a Embratel também criou um sistema de segurança que ajusta automaticamente a quantidade de água contida na terra, molhando apenas as áreas que estão secas. Eduardo Polidoro, diretor de Negócios IoT da Embratel, destaca que “tão importante quanto levar a conexão, é fornecer ao cliente os sensores, a coleta de dados e a análise que gera insumos para o dia a dia”. Isso exemplifica como a coleta e análise de dados pode criar soluções eficientes e inovadoras.
Não são apenas as empresas de tecnologia que estão investindo em coisas autônomas. Gigantes como Ford e Uber estão investindo milhões de dólares no desenvolvimento de veículos autônomos, drones de entrega e outros produtos inovadores. A expectativa da IDC é que, até 2020, o mundo contará com 28 bilhões de dispositivos autônomos conectados.
Diversidade de Aplicações
A tecnologia de coisas independentes está sendo inovadora de maneira diversificada, com aplicações que vão muito além do que imaginamos há alguns anos. A Microsoft, por exemplo, utiliza robôs para patrulhar estacionamentos e áreas ao redor de sua sede nos Estados Unidos. Esses robôs são programados para detectar atividades suspeitas e garantir a segurança do local.
Na área de logística, a Rolls-Royce desenvolveu o navio Falco, que é capaz de navegar de um porto para outro sem a necessidade de um capitão. Isso demonstra uma confiança crescente nas tecnologias automatizadas para melhorar as operações, aumentar a segurança e reduzir os custos operacionais.
No setor de entregas, empresas como a Alibaba estão testando drones para entrega de refeições, com rotas predefinidas. Na Califórnia, a Robomart utiliza carros sem motorista para entregar produtos de mercearia diretamente aos consumidores, mudando a dinâmica das entregas e tornando-as mais ágeis e eficientes.
O Impacto das Coisas Autônomas nas Indústrias
A adoção de tecnologias autônomas promete trazer mudanças significativas para diversos setores. Por exemplo, a indústria de transporte terá um impacto específico, com a previsão de que os drones farão 2,4 milhões de entregas em todo o mundo em 2023. Veículos autônomos, como carros e caminhões, poderão ajudar a reduzir o congestionamento e melhorar a eficiência nas estradas, uma vez que os sistemas de IA podem melhorar as rotas em tempo real.
Além disso, as cidades podem se beneficiar de uma infraestrutura mais eficiente, com veículos independentes que não excluam pistas tão longas. A maior precisão proporcionada por tecnologias como radares e câmeras permitem um uso mais racional do espaço, oferecendo mais espaço para ciclistas e pedestres. Isso também pode contribuir para a redução de acidentes de trânsito, especialmente aqueles causados pela distração dos motoristas, um problema crescente devido ao uso de smartphones ao volante.
Desafios e Oportunidades
Apesar de seu enorme potencial, a tecnologia de coisas autônomas ainda enfrenta uma série de desafios. A questão da segurança é uma das principais preocupações. Uma pesquisa do Pew Research Center revelou que 56% dos americanos preferem não viajar em um carro sem motorista, o que destaca a resistência que parte da população ainda tem em relação a essas novas tecnologias.
Outro obstáculo importante é o custo. Para que a adoção dessas tecnologias seja generalizada, os dispositivos independentes precisam ser acessíveis financeiramente. Isso exige investimentos significativos em pesquisa, desenvolvimento e produção em larga escala, algo que ainda é um desafio para muitas empresas.
Além disso, a questão da regulamentação também será fundamental. À medida que mais dispositivos independentes entram no mercado, os governos deverão estabelecer novas normas e diretrizes para garantir sua operação segura e eficiente. A transparência e a ética na implementação dessas tecnologias também serão fundamentais para garantir que os consumidores confiem nesses novos sistemas.
O Futuro das Coisas Autônomas
O futuro das coisas autônomas parece promissor. As empresas terão que explorar como essas tecnologias podem ser usadas para liberar as pessoas de tarefas repetitivas e perigosas, permitindo que se concentrem em atividades que apenas os seres humanos podem realizar, como a tomada de decisões complexas e a interação com outros humanos.
Para David Cearley, do Gartner, entender o impacto das coisas autônomas no negócio é essencial. As empresas precisam avaliar como essas tecnologias podem gerar novas oportunidades, melhorar a eficiência operacional e criar novas fontes de receita. A transparência na implementação e o foco na segurança serão fundamentais para garantir o sucesso no longo prazo dessa transformação tecnológica.
À medida que mais empresas adotam essas tecnologias, podemos esperar uma revolução em diversos setores da economia, desde o agronegócio até a logística e o transporte. As coisas autônomas não são mais uma promessa do futuro, mas uma realidade que já está se transformando nas indústrias de hoje.
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